quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

E por falar em Liberdade: Edith Stein.

EDITH STEIN: A LIBERDADE NO MAIS PROFUNDO DO HOMEM.
("freedom in the most intimate of human beings")
(Texto de Elisângela Maria de Jesus e meus grifos)

A conversão de Edith Stein ao catolicismo não supõe renúncia à fenomenologia, quando em 1936, redige sua obra filosófica: Ser finito e Ser eterno, da cela de carmelita, recorda que sua pátria filosófica é a escola de Husserl.
Na busca constante de Edith em compreender o homem, situa em todas as suas obras o homem como ser livre. Na visão steiniana razão e liberdade são constitutivos da pessoa, assim a razão deverá agregar-se à liberdade. O homem nasce para ser livre, porém seguramente o que mais opõe resistência a liberdade, é a própria natureza humana tão complexa. Edith Stein afirma que a pessoa é livre diante de tudo, pois determina sua vida diante de si mesmo. Reconhecendo aqui sua afirmação, o principal determinante para ser livre é o defrontar com seu próprio interior, pois é no mais profundo que está a liberdade para ser. É do lugar mais inconstante, o eu, que o homem está mais próximo de se encontrar e tomar decisões que determinam a evolução do ser, onde as limitações e circunstâncias perdem o poder.
A liberdade para Edith Stein está no plano do auto-domínio e para essa liberdade acontecer o homem deve estar no seu “lugar”. Este lugar não supõe uma subjetividade infrutífera, mas situa-se no constante “devir” da existência humana. Em um momento de sua vida, exclama Edith: “Eis a verdade”, ao ler a autobiografia de Santa Teresa de Ávila, entre um fim de tarde e o raiar do dia seguinte e após, pediu o batismo na Igreja Católica, deixando após anos de inquietação o judaísmo, religião em que fora introduzida quando criança. Em 1933 entra para o Carmelo de Colônia onde viveu uma vida simples de carmelita, com todas as abnegações pertinentes à clausura. Mais tarde é transferida para Echt, na Holanda onde em 1942, a Gestapo invade o carmelo e leva Edith para Auschwitz, aqui revela a liberdade para Edith, quando em silêncio caminha para o holocausto, nenhuma expressão é proferida: resta o silêncio. Morre aos 09 de agosto, numa câmara de gás. Seu caminho constitui-se de escolhas que contribuem para uma apreciação sobre a liberdade do homem que pode ser compartilhada de forma simples e dramática ao mesmo tempo.
Em Edith Stein, não achamos respostas para o homem conseguir a liberdade, uma vez que estar livre é consentir estar. Não deriva do pensamento Steiniano a verdade plena do homem, mas a percepção do caminho, das escolhas, das decisões que são tomadas a partir do próprio homem diante de si mesmo. A resignação, o silêncio, pode ser ou não liberdade. A angústia da morte, neste caso o holocausto, permite ao silêncio, uma série de interpretações subjetivas a partir do nosso próprio conceito de liberdade.
E este conceito, nasce e morre a cada instante, pois somos senhores e escravos dos nossos atos, determinamos a vida diante de nós mesmos. Não cabe aqui concluir nada, pois o homem com toda sua limitação, não se opõe a gozar de liberdade, uma vez que esta é constitutiva de seu ser e legitimada pelo livre arbítrio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não conhecia.
Gostei!