domingo, 29 de março de 2009

Por que Joana ?

“Ó Joana sem sepulcro e sem retrato,
tu que sabias que o túmulo dos heróis é o coração dos vivos”.
(André Malraux)

segunda-feira, 23 de março de 2009

Para onde ir quando não se quer estar em lugar algum ?

Meu aniversário. Quase ninguém sabe disso. Não vejo vantagem alguma em fazer aniversário. Um ano mais próximo da morte, destino inexorável de nós todos.
E hoje invejo o destino dos mortos.
Sozinha, em outra cidade, trabalhando, sem ninguém, absolutamente ninguém ao meu lado.
Não queria bolo, não queria festa, não queria absolutamente nada além do abraço de minha mãe, do meu pai. Queria colo. Estou cansada de ter que ser tão forte, de ter que ser tão durona, de ter que ser tanta coisa.
Queria apenas poder errar sem culpa, queria poder sentar e olhar o mar sem ter que olhar também o relógio. Queria ir para algum lugar que eu nem sei onde fica.
Hoje, estou tão triste, de uma tristeza tão vazia, que seca a boca, que trava o peito.
Hoje a única vontade era encontrar uma bala perdida, encontrá-la bem no meio do peito. Mas como diz o poeta, não adianta morrer. A vida é uma ordem e eu me acostumei a seguir ordens. Justamente eu que sempre tive um espírito tão livre e inquieto.
"Os Ombros Suportam o Mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas dos teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue,e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo, prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação".
Carlos Drummond de Andrade

domingo, 8 de março de 2009

Hoje eu tô chutando o pau da barraca...

Sabe aqueles dias em que você acorda e decide ser o "cão chupando manga" ? Pois é, esse dia é hoje !


"This is a dog sucking 'manga' (manga is a tropical fruit)"

Você nunca acordou com uma vontade enorme de chutar o balde? Não? Nunca acordou querendo transgredir? Uma puta vontade de falar palavrão? Nunca acordou querendo mandar geral se danar ? Nunca teve vontade de fazer careta para as criancinhas da praça? Nunca desejou ser politicamente incorreto? Nunca desejou colocar lenha na fogueira? Nunca quis ligar um foda-se e seguir em frente “defecando e deambulando” ? Nunca quis passar a mão na bunda do guarda, sobretudo se o guarda for gostosão ?
Então hoje, hoje é exatamente este dia: O dia de chutar o balde. O dia de fazer o que der na telha. O dia de chamar urubu de meu louro. O dia de enfiar o pé na jaca. O dia de mijar fora do penico.
Para os que acreditam em astrologia. EU SOU ARIANA! Ascendente em Touro e Lua em Aquário. EU NÃO SOU CAPRICORNIANA! E vocês sabem a fama que os Arianos tem. Logo eu tenho que fazer jus a minha fama de má.
Todos os dias eu acordo e vou trabalhar. Trabalho até no final de semana. E no trabalho tenho que manter uma aparência que inspire total seriedade e confiança. Estar sempre bem arrumada, limpinha, bonitinha. Tenho que tomar cuidado com a aparência, com as palavras, com a imagem. Afinal, “a mulher de César não precisa ser honesta. Tem que parecer honesta”. Que vontade de trabalhar de bermuda, de camiseta branca, de havaianas. Que vontade de bocejar e de ouvir música no meio do trabalho. Esse modelão: trabalhar, trabalhar, ganhar dinheiro, pagar as contas, comprar, comprar, pagar cartão de crédito, ter apartamento com piscina, sauna e dois elevadores, granito no chão, jardins e um segurança enorme, de terno azul marinho e óculos escuro. Tem que ter computador. Desk top, lap top, palm top e top top. Puta que pariu, é muita chatice. Graduação, pós-graduação, MBA, TCC com normas da ABNT. Planilha disso, planilha daquilo. Access, Excel e Outlook. A vida em números. A vida em planilhas, gráficos e tabelas. A vida atrás da tela do computador e à frente da tela da televisão. A vida quadradinha, a vida que não desce redondo. A vida que não te dá asas.
Enfim “Eu vou tomar um porre de felicidade” porque “é hoje o dia da alegria e a tristeza nem pode pensar em chegar”. Estou tão cansada de ser certinha. Me segura ! aliás, não me segura! Eu hoje vou errar o caminho de casa. Vou fazer o que quiser e depois ter amnésia alcoólica. Nada de ressaca moral. Ressaca moral é para quem faz pouca merda. Mas hoje, eu vou me superar ...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Bons companheiros para uma mulher em seu dia...



"De madrugada essa mulher faz tanto estrago. Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar. Ah, como essa louca se esquece, quanto os homens enlouquece nessa boca, nesse chão. Depois parece que acha graça e agradece ao destino aquilo tudo que a faz tão infeliz. Essa menina, essa mulher, essa senhora em que esbarro toda hora. No espelho casual é feita de sombra e tanta luz, de tanta lama e tanta cruz que acha tudo natural" (Elis em Essa Mulher).

"Que uma mulher pode nunca nada, Isto eu já sei
É o grito da Dona moral Todo dia no ouvido da gente
É que eu estou pela vida na luta Eu também sei
E meu caminho eu faço Nem quero saber que me digam dessa lei
É que sinto exatamente Aquilo que sente qualquer um que respira
Uma perna de calça Não dá mais direito a ninguém
De transar o que seja viver
E por isso eu prossigo e quero
E grito no ouvido dessa tal de dona moral
Que uma mulher pode nunca é deixar
De ser, de fazer e acontecer"
(Gonzaguinha)

"Sou bem mulher de pegar macho pelo pé. Reencarnação da Princesa do Daomé. Eu sou marfim, lá das Minas do Salomão. Me esparramo em mim, lua cheia sobre o carvão. Um mulherão, balangadãs, cerâmica e sisal. Língua assim, a conta certa entre a baunilha e o sal. Fogão de lenha, garrafa de areia colorida. Pedra-sabão, peneira e água boa de moringa. Sou de arrancar couro..." (João Bosco)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Álbum de Família

"We cannot become what we need to be by remaining what we are." Max De Pree


Papai

Vovó Maria e Eu aos 3 anos e meio